Pesquisar este blog

domingo, 3 de julho de 2011

Descobri em Teus Olhos Diferente Chama

Adoro o homem que se chamava Jesus. 
Fora de qualquer contexto religioso, é um afeto sem explicação, como se ama um querido e eterno amigo. Todas as histórias, oficiais ou não a respeito dele me comovem.

No sábado recebi uma indicação para leitura. O livro se chama: Jesus, o homem que amava as mulheres, de Bruce Marchiano.

Disseram que eu preciso ler pois é um livro emocionante. Adivinhem se não vou ler, rs.

Adorei esse texto abaixo desde a primeira vez em que o li, há alguns anos. Hoje o reencontrei. 
Sinconicidades...





NO CAMINHO DO AMOR 


Em Jerusalém, nos arredores do Templo, adornada mulher encontrou um nazareno, de olhos fascinantes e lúcidos, de cabelos delicados e melancólico sorriso, e fixou-o com um olhar sedutor. 

Arrebatada pela onda de simpatia a irradiar-se dele, a bela moça corrigiu as dobras da sua belíssima túnica, colocou indizível expressão de doçura no olhar e, deixando perceber, nos contornos do corpo frágil, a visível paixão que a possuíra de súbito, abeirou-se do desconhecido e falou, provocante:
 

-Jovem, as flores de Séforis encheram-me a ânfora do coração com deliciosos perfumes. Tenho felicidade ao seu dispor, em minha loja de essências finas... 

A deslumbrante mulher indicou uma grande casa, cercada de rosas, à sombra de um arvoredo acolhedor, e ajuntou: 

-Inúmeros peregrinos cansados me buscam à procura do repouso que reconforta. Em minha primavera juvenil, eles encontram o prazer que representa a alegria da vida. Sabe, é que o lírio do vale não tem a carícia dos meus braços e a romã saborosa não possui o mel dos meus lábios. Vem e vê... Te darei leito macio, tapetes dourados e vinho capitoso...Te acariciarei o rosto abatido ete curarei o cansaço da longa viagem! Descansarás teus pés em água de nardo e ouvirás, feliz, as harpas e os alaúdes de meu jardim. Tenho a meu serviço músicos e dançarinas, treinados em palácios ilustres!... 
Ante a incompreensível mudez do nobre nazareno, tornou a moça, suplicando, depois de leve pausa: 

-Jovem, por que não respondes? Descobri em teus olhos diferente chama e assim procedo por amar-te. Tenho sede de afeição que me complete a vida. Atende! Atende! 

O mais sábio dos homens parecia não perceber a vibração febril com que semelhantes palavras eram pronunciadas e, notando-lhe a expressão fisionômica indefinível, a vendedora de essências acrescentou um tanto indignada: 

-Não virás comigo? 

Constrangido por aquele olhar extremamente sensual, o iluminado forasteiro apenas murmurou: 

-Agora, não. Depois, no entanto, quem sabe?!... 

A mulher, adornada de jóias, sentiu-se desprezada, prorrompeu em sarcasmos e partiu, revoltada. 

Transcorridos dois anos, quando Jesus levantava paralíticos, ao pé do tanque de Betsaida, respeitosa senhora pediu-lhe socorro para uma infeliz criatura, que vivia atormentada por doloroso sofrimento. 

O Mestre seguiu-a, sem hesitar. 

Num pardieiro denegrido e sujo, um corpo chagado exalava gemidos angustiosos. 
A disputada mercadora de aromas ali se encontrava carcomida de úlceras, de pele enegrecida e rosto deformado. Feridas sanguinolentas tomavam-lhe o corpo, que agora estava semelhante ao esterco da terra. Com exceção dos olhos profundos e indagadores, nada mais lhe restava da beleza antiga. Era, apenas, uma sombra leprosa, da qual ninguém ousava aproximar-se. 
Ela fitou o Mestre e reconheceu-o “de pronto”. 

Era o mesmo belo nazareno, de porte sublime e atraente expressão, que ela tentara seduzir dois anos antes. 

O Cristo de Deus estendeu-lhe os braços angélicos, tocado de intraduzível ternura e disse-lhe: 

-Vem a mim, tu que sofres! Na Casa de Meu Pai, nunca se extingue a esperança. 

A interpelada quis recuar, conturbada de assombro, mas não conseguiu mover os próprios dedos, vencida de dor. 

O Mestre, porém, transbordando de compaixão, com humilde respeito, ajoelhou-se e aconchegou a infeliz irmã ao seu peito. 

A infeliz reuniu todas as forças que lhe sobravam e perguntou, em voz reticente e sofrida: 

-Tu?... O Messias Nazareno?... O Profeta que cura, reanima e alivia?!... que vieste fazer, junto de mulher tão miserável quanto eu? 

Ele, contudo, sorriu benevolente, dizendo apenas: 

-Agora, minha irmã, venho satisfazer-te os apelos, que me fizeste a exatos dois anos. 

E recordando-se das palavras do primeiro encontro, acentuou, sereno: 

-Descubro em teus olhos diferente chama e assim procedo por amar-te! 

(Livro Sob o Signo de Aquário – Roger Bottini Paranhos – texto do Espírito Irmão X, psicografado por Chico Xavier.) 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...