Adoro o homem que se chamava Jesus.
Fora de qualquer contexto religioso, é um afeto sem explicação, como se ama um querido e eterno amigo. Todas as histórias, oficiais ou não a respeito dele me comovem.
No sábado recebi uma indicação para leitura. O livro se chama: Jesus, o homem que amava as mulheres, de Bruce Marchiano.
Disseram que eu preciso ler pois é um livro emocionante. Adivinhem se não vou ler, rs.
Adorei esse texto abaixo desde a primeira vez em que o li, há alguns anos. Hoje o reencontrei.
Sinconicidades...
NO CAMINHO DO AMOR
Em Jerusalém, nos arredores do Templo, adornada mulher encontrou um nazareno, de olhos fascinantes e lúcidos, de cabelos delicados e melancólico sorriso, e fixou-o com um olhar sedutor.
Arrebatada pela onda de simpatia a irradiar-se dele, a bela moça corrigiu as dobras da sua belíssima túnica, colocou indizível expressão de doçura no olhar e, deixando perceber, nos contornos do corpo frágil, a visível paixão que a possuíra de súbito, abeirou-se do desconhecido e falou, provocante:
-Jovem, as flores de Séforis encheram-me a ânfora do coração com deliciosos perfumes. Tenho felicidade ao seu dispor, em minha loja de essências finas...
A deslumbrante mulher indicou uma grande casa, cercada de rosas, à sombra de um arvoredo acolhedor, e ajuntou:
-Inúmeros peregrinos cansados me buscam à procura do repouso que reconforta. Em minha primavera juvenil, eles encontram o prazer que representa a alegria da vida. Sabe, é que o lírio do vale não tem a carícia dos meus braços e a romã saborosa não possui o mel dos meus lábios. Vem e vê... Te darei leito macio, tapetes dourados e vinho capitoso...Te acariciarei o rosto abatido ete curarei o cansaço da longa viagem! Descansarás teus pés em água de nardo e ouvirás, feliz, as harpas e os alaúdes de meu jardim. Tenho a meu serviço músicos e dançarinas, treinados em palácios ilustres!...
Ante a incompreensível mudez do nobre nazareno, tornou a moça, suplicando, depois de leve pausa:
-Jovem, por que não respondes? Descobri em teus olhos diferente chama e assim procedo por amar-te. Tenho sede de afeição que me complete a vida. Atende! Atende!
O mais sábio dos homens parecia não perceber a vibração febril com que semelhantes palavras eram pronunciadas e, notando-lhe a expressão fisionômica indefinível, a vendedora de essências acrescentou um tanto indignada:
-Não virás comigo?
Constrangido por aquele olhar extremamente sensual, o iluminado forasteiro apenas murmurou:
-Agora, não. Depois, no entanto, quem sabe?!...
A mulher, adornada de jóias, sentiu-se desprezada, prorrompeu em sarcasmos e partiu, revoltada.
Transcorridos dois anos, quando Jesus levantava paralíticos, ao pé do tanque de Betsaida, respeitosa senhora pediu-lhe socorro para uma infeliz criatura, que vivia atormentada por doloroso sofrimento.
O Mestre seguiu-a, sem hesitar.
Num pardieiro denegrido e sujo, um corpo chagado exalava gemidos angustiosos.
A disputada mercadora de aromas ali se encontrava carcomida de úlceras, de pele enegrecida e rosto deformado. Feridas sanguinolentas tomavam-lhe o corpo, que agora estava semelhante ao esterco da terra. Com exceção dos olhos profundos e indagadores, nada mais lhe restava da beleza antiga. Era, apenas, uma sombra leprosa, da qual ninguém ousava aproximar-se.
Ela fitou o Mestre e reconheceu-o “de pronto”.
Era o mesmo belo nazareno, de porte sublime e atraente expressão, que ela tentara seduzir dois anos antes.
O Cristo de Deus estendeu-lhe os braços angélicos, tocado de intraduzível ternura e disse-lhe:
-Vem a mim, tu que sofres! Na Casa de Meu Pai, nunca se extingue a esperança.
A interpelada quis recuar, conturbada de assombro, mas não conseguiu mover os próprios dedos, vencida de dor.
O Mestre, porém, transbordando de compaixão, com humilde respeito, ajoelhou-se e aconchegou a infeliz irmã ao seu peito.
A infeliz reuniu todas as forças que lhe sobravam e perguntou, em voz reticente e sofrida:
-Tu?... O Messias Nazareno?... O Profeta que cura, reanima e alivia?!... que vieste fazer, junto de mulher tão miserável quanto eu?
Ele, contudo, sorriu benevolente, dizendo apenas:
-Agora, minha irmã, venho satisfazer-te os apelos, que me fizeste a exatos dois anos.
E recordando-se das palavras do primeiro encontro, acentuou, sereno:
-Descubro em teus olhos diferente chama e assim procedo por amar-te!
(Livro Sob o Signo de Aquário – Roger Bottini Paranhos – texto do Espírito Irmão X, psicografado por Chico Xavier.)
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