Ando com uma saudade terrível da cidade onde passei a adolescência. Hoje vi umas fotos recentes de lá e a saudade apertou. Não sei o que anda me chamando, mas o chamado é forte.
As fotos abaixo são de Marcio Manhães, que também morava na minha rua, na época.
Minha rua. A primeira casa, pela metade, era a minha.
Talvez seja o passado e as lembranças boas. Talvez seja a saudade da mocinha que fui um dia e dos amigos de lá. Da casa onde morei e da minha rua. Do frio intenso, das horas despreocupadas, do ar puro, da inocência. Dos meus pais, saudáveis e jovens (e na época, os achava já idosos...).
Agora, sim. Minha casa, essa amarela alta.
Ou seria a saudade da escola de freiras? Das paqueras e do primeiro amor? Dos bailes e das festas de rua? Dos diários e primeiros versos?
Da paisagem avistada ao ir para a escola cedinho? Ao sair eu via o Jardim de Cima, exatamente desse ângulo.
Jardim de Cima
Essa casa de janelas azuis era a sede da "Furiosa", a banda que tocava no coreto da praça e que ensaiava loucamente e o som ainda ouço, quando me recordo.
Nesse prédio cinza era a padaria do Seu Nei. Pãozinho quente a alguns passos de casa e mais sorvete, doces e guloseimas. Mais a frente, o Cine Glória. Eu entrei em vários filmes impróprios para 18 anos, sendo bem mais nova. Sempre fui alta e lá podia. Nem sei o motivo.
SAUDADES!!!!!!!!
Beco da Mangueira
Ainda na minha rua, morava uma amiga querida e eterna, que virou minha comadre e virou também escritora, Jô Coelho. Ela morava em frente ao Beco da Mangueira, onde obviamente havia uma mangueira secular. Passamos tardes de estudo e brincadeiras e músicas e risadas aí, olhando essa paisagem.
Muitas, muitas histórias e recordações boas. Saudades de quem fui. Esse lugar moldou a mulher que agora sou.
(Angela Cunha)